A inteligência artificial e o mercado de livros
Publicado em: 8 de fevereiro de 2023 Categorias: Destaque
Uma das obrigações de qualquer empresa é ficar de olho nas novidades relacionadas ao seu setor. Mais do que estar informado sobre as inovações é importante avaliar os impactos e a utilidade destas novidades para o negócio e para os clientes.
E uma destas mudanças que está provocando discussões é a produção de audiolivros com o uso de Inteligência Artificial. O conceito de Inteligência Artificial parece ter tomado conta das notícias, gerando receios em alguns e euforia em outros. A inteligência artificial pode ser descrita como a capacidade de as máquinas realizarem funções que, até então, somente eram possíveis com o uso da inteligência humana, como criar uma obra de arte, um texto, dirigir um carro ou criar um programa de computador.
Esta intencionalidade não é nova, tampouco suas aplicações; qualquer um que use a busca do Google, que receba uma sugestão de filme da Netflix ou que veja aquele trecho sublinhado em vermelho no Word, já está usando algum nível de inteligência artificial.
Máquinas que aprendem a aprender
A novidade, neste caso, parece ser a velocidade com que surgem “inteligências” capazes de ajustar padrões e procedimentos futuros a partir do resultado de experiências anteriores sem nenhuma ou pouca interferência humana, ou seja, são capazes de aprenderem por si mesmas. É o caso das aplicações que geram textos de forma natural e coerente, como o ChatGPT; ou imagens, como o Midjourney.
O mercado editorial é, por essência, um segmento de mercado mais lento na adoção de novidades tecnológicas e, portanto, mais conservador, mas não ficará imune a estas mudanças. O gestor de Atendimento da EAB Editora, Rodrigo Roman, diz que, em 2023, o uso de ferramentas de inteligência artificial para a leitura de livros, onde livros com texto em suporte eletrônico poderão ser ‘automaticamente’ convertidos em audiolivros, será uma das principais inovações que despertarão a atenção deste setor. “Audiolivros são uma realidade bem difundida, onde autores, autoras ou narradores fazem a locução do livro, gravam suas vozes em um estúdio e o arquivo de áudio é comercializado usando as diferentes plataformas de distribuição disponíveis com modelos de negócio diversos (Apple Books, Ubook, Audible, entre outras)”, explica Rodrigo, comentando que os custos para a produção destes audiolivros ainda são altos.
O gestor de Atendimento da EAB aponta que os custos de conversão de uma obra escrita para falada são muito altos, considerando que o mercado de venda ainda é muito pequeno. “Além disso, as tecnologias e processos necessários para produção de audiolivros são muito distintas daquelas do livro em texto”, observa.
Alexa! Leia este livro
E se a gente pudesse criar uma narração de um livro já publicado em texto usando uma voz artificial? É o que duas das gigantes da tecnologia, Google e Apple já disponibilizam. Rodrigo explica que o serviço da Google já está disponível para testes no Brasil e oferece uma ferramenta para que editores convertam qualquer livro publicado em formato ePUB em um audiolivro para ser vendido em sua loja ou para ser baixado e publicado em outras plataformas.
Já a Apple oferece, de forma experimental, um serviço chamado de “Narração AI” para algumas obras. Google e Apple prometem que a experiência será muito diferente daquela de pedir para a sua assistente digital ler um texto. Não é nada simples ajustar o tom, a ênfase e o ritmo para que a narração de longos trechos de texto fique agradável ao ouvinte. “Vamos ficar de olho e testar estas possibilidades durante este ano. Sempre pensamos nestas alternativas como novos suportes que podem ampliar as possibilidades de acesso aos livros, não como substituição aos formatos já existentes”, resume Rodrigo.
Imagem em destaque: Ilustração "Setting Up the Greatest Show" gerada com o uso da ferramenta de inteligência artificial Midjourney, por Daniel Sancho - flickr.com (CC0 1.0)