O “problema” da capa do livro

Publicado em: 6 de abril de 2023 Categorias: Destaque

Embora não haja um único modelo para a produção das capas, as editoras seguem métodos e processos que observam diferentes critérios para a confecção dos materiais. Na EAB Editora, projetos são construídos a partir de um diálogo com o autor a respeito da obra e seus objetivos

A produção de capas de livros não é uma "ciência exata". Não há um único método ou caminho possível para sua realização. Contudo, existem métodos, processos, abordagens que podem ser mais ou menos apropriados a depender de cada caso ou contexto. As editoras organizam a produção das capas a depender do seu público, das linhas editoriais e dos recursos que elas dispõem. Gestor da EAB e responsável pela produção das capas das obras publicadas pela Editora, Diego Ecker comenta que os departamentos de artes das editoras costumam aplicar diferentes estratégias para chegar até o resultado final. “Nesse meio, é muito comum a contratação de profissionais capistas, designers que trabalham com produção de capas. Em geral, qualquer capista vai solicitar um briefing, um conjunto de orientações sobre o assunto da obra, o público, o posicionamento de mercado, elementos que a capa deva ou não conter etc.”, relata Diego.

Conforme Diego, é a partir do briefing que o capista tentará traduzir aquele conjunto de requisitos em uma proposta visual utilizando texto, cores e imagens que resolva o problema. “Falo de problema, pois há algum tempo tenho orientado a minha atividade de design editorial e de capista a partir desta abordagem ou concepção”, explica ele, propondo uma discussão sobre o conceito estético que perpassa este debate.

Para o gestor da EAB, a função do designer de capas não é fazer uma "capa bonita".

“Uma capa bonita é algo que pode ser muito controverso: é bonita para quem? para o designer? para o autor? para o público leitor? por isso que a estratégia de design como resolução de problema procura trabalhar com critérios mais objetivos derivados do briefing”, analisa Diego.

Vamos falar do briefing

Diego sugere um exemplo a respeito da constituição do briefing, que é um dos itens fundamentais para a resolução do problema das capas:  vamos supor que tenhamos que construir uma capa para um livro de um autor que é um pesquisador acadêmico na área da filosofia e que esteja publicando uma obra que comenta o assunto da felicidade em Aristóteles. Então, poderíamos perguntar: quem seria o leitor desta obra? Ela será comercializada ou será de distribuição restrita e gratuita? Estará disponível para venda em marketplaces? Será somente em suporte impresso ou também em e-Book? Se for comercializada, deve se alinhar a algum nicho específico?  O livro é para um público especializado na área ou não? “Todas as perguntas são importantes para a composição de uma capa. Em seu conjunto elas podem ser vistas como problemas a serem resolvidos pelo capista”, define.

Para apresentar uma proposta relativa ao exemplo acima, Diego elenca algumas possibilidades originadas a partir das informações coletadas no briefing. “Podemos pensar em resolver a tipografia do título usando uma fonte serifada, que remete a uma ideia mais formal e clássica. E podemos destacar o termo “Aristóteles” já que, supostamente, para um leitor acadêmico, identificar que se trata de uma obra sobre este filósofo pode ser algo bastante relevante”, aponta ele, reforçando que quanto mais detalhadas forem as informações fornecidas pelo autor, melhor será o resultado do trabalho do capista.

Produção de capas de livros na EAB Editora

Na EAB Editora, Diego reforça que a estratégia do briefing antecede as demais. “Procuramos apontar para o autor o que achamos conveniente para a obra em questão. Para isso, consideramos o público da obra, suas características comerciais, a nossa experiência, etc. Isso é muito importante para que os autores tenham a possibilidade de manifestar a sua opinião, seu desejo, sua visão sobre a capa. Mas, também para receberem uma crítica que procure mostrar a viabilidade da proposta. Por isso, em nosso fluxo editorial, sempre temos o briefing de capa como um momento fundamental”, argumenta.

A partir destes subsídios, Diego conta que dá início ao trabalho de produção do projeto que será apresentado ao autor. “Na EAB Editora, temos como prática apresentar uma versão ao autor depois de uma crítica interna, ou seja, depois de elaborada uma proposta, retomamos o briefing e julgamos se está pronta para ser apresentada ou não. Se acharmos que a capa resolve o problema, então submetemos à apreciação do autor”, define.

Para Diego, a capa de um livro é uma das partes mais importantes da sua divulgação e comercialização. “É a primeira coisa que os leitores veem e pode ser o fator decisivo para eles escolherem comprar ou não o livro. Basta analisarmos a nossa experiência como leitores e/ou consumidores”. E acrescenta dizendo que a capa é um dos recursos fundamentais para atrair a atenção do leitor. “A capa também pode ser um modo de refletir o conteúdo do livro, isto é, de comunicar algo sobre o que trata o livro. E, se é algo que eles podem se interessar, além de ser uma identidade, tornando-se um elemento que é usado pelo leitor para reconhecer, distinguir e fazer referência ao livro”.

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